O colonialismo como a glória do império

“O colonialismo como a glória do Império” ele começa abordando a comemoração do jubileu da Rainha Vitória em 1897. A Europa nesta época vivia em relativo clima de paz desde o fim das guerras napoleônicas. Havia alguns conflitos na África, mas as atividades capitalistas estavam prosperando, apesar dos constantes protestos trabalhistas por melhores condições de vida e de trabalho. As festividades para a rainha incluíam ministros e militares de todas as partes de suas colônias.
A Inglaterra se auto gloriava com o aumento de seus territórios, mas esta expansão territorial também foi visível em outros países europeus como a França, a Alemanha e a Itália. Esse processo de ampliação territorial era pautado por uma necessidade de ampliação de mercados das economias capitalistas industriais e por obtenção de matéria prima.
Uma particularidade importante é que esta expansão europeia se deu nos continentes africanos e asiáticos, por causa, em parte, da doutrina Monroe que defendia a América para os americanos, ou seja, a defesa deste território para os Estados Unidos.
De acordo com o autor os indivíduos que viviam nas colônias, vindos dos estados expansionistas gozavam de uma liberdade de ação e decisão que nenhum segmento ou grupo que vivia no interior desses estados e nações europeias possuía. Os ingleses nunca enxergaram os povos que estavam sob sua dominação como sendo iguais ou tendo os mesmos direitos.
O aparato jurídico, administrativo e militar dessas localidades era diferente do aparato das nações europeias. A expansão só pode consolidar-se através do domínio militar, no entanto nem sempre o poderio militar era necessário para dominar um país, algumas vezes utilizava-se a dominação econômica, como no caso do Brasil, onde a economia cafeeira foi decorrência dos empréstimos estrangeiros, seja para melhorar a produção, ou para construírem-se estradas de ferro, melhorar os portos, os serviços urbanos, etc.
Neste período também houve o crescimento das cidades europeias, devido as melhorias das condições de vida, seja em termos dos avanços científicos ou da medicina. Criaram-se as lojas de departamentos, a exposição de mercadorias nas vitrines, tudo possível graças a produção em massa, tornando os estoques e as vendas coisa rotineira. Vale ressaltar que as vitrines mudavam constantemente atraindo mais e mais consumidores com amostra variada de novos produtos que eram lançados no mercado. Em contrapartida existia também muita pobreza nestas cidades, principalmente de pessoas que vinham procurar trabalho, mas acabavam não encontrando e ficando na miséria. O tempo de lazer nas cidades aumentava. As pessoas podiam se dedicar a diversões e ao consumo, diferente do campo onde o indivíduo quase ficava totalmente preso a atividade administrativa e ao cultivo da terra. Assim aumentou o número de teatros, circos, parques, panoramas (antigos cinemas), centros esportivos, etc. Até para as classes operarias aumentou o número de pubs, espaços prediletos por estes trabalhadores.
Foram realizadas grandes construções para serem símbolos da modernidade e demonstração do poderio capitalista daquela localidade. Foi assim criada a Torre Eiffel em Paris, a Estátua da Liberdade, o Palácio de Cristal na Inglaterra, etc. Aconteciam também exposições universais das indústrias, prática que se mantém até hoje, para mostrar os novos aparatos tecnológicos.
Nasce também um novo personagem o turista. As pessoas, com o avanço das estradas de ferro e da navegação podiam se deslocar mais facilmente para outras localidades e a partir dai cresce a indústria do turismo, que vende viagens sensacionais e milaborantes para encantar os sonhos de seus consumidores. O autor cita a história do Titanic que era o sonho tão maravilhoso de grandeza e modernidade, símbolo de uma sociedade, levando inclusive sua divisão social, parecendo indestrutível aos olhos de todos, mas que acabou em tragédia.
Esse novo modo de encarar a vida e o mundo abre portas também para novas perspectivas e abordagens da mente humana. Agora este homem está coberto de neuroses e desejos que podem muitas vezes ser atingidos e alcançados, mas a custa da sociedade.
Crescem biografias de aventuras, com heróis fictícios ou reais como no caso de Lawrence da Arábia, Indiana Jones, James Bond, etc. Nascem também obras que criticam a dominação por parte do colonizador, como “A passagem para índia, A Fazenda Africana e Meus dias na britânia”. As viagens e os relatos dos romances traziam respostas sobre aquelas sociedades encontradas na expansão Imperialista.
O movimento socialista inserido nesta dimensão capitalista, toma para si o mesmo empreendimento expansionista, visando a partir da Intentona se tornar internacional. A maioria dos representantes de partidos era européia, mas havia também dos EUA Índia e Japão, demonstrando que o socialismo já abarcava estas sociedades. Foi escolhido a comemoração do 1o de maio, um hino oficial e uma bandeira para o partido.
Nas intentonas foi também discutido o caminho para se chegar ao socialismo. Algumas facções achavam que teriam que lutar para transformar a sociedade, mas outras achavam que o capitalismo entraria em colapso, por isso as mudanças podiam ser feitas na própria sociedade burguesa. Outro ponto de discórdia foi em relação às ideias anarquistas, fazendo com que este movimento se afastasse da Intentona. Outra questão trazida a debate na Intentona foi a inevitabilidade histórica do socialismo descrita por Bernstein. Muitos foram seus opositores achando que ele tinha traído Marx, porém isso quase gerou um racha no partido. O socialismo e o anarquismo tentaram impedir a Primeira Guerra Mundial com campanhas pacifistas, mas nada adiantou e a guerra foi declarada.

Getúlio Vargas – Biografia

Getúlio Vargas (1883-1954) foi presidente do Brasil. Criou inúmeras leis trabalhistas, entre ela, o salário mínimo e as férias remuneradas. Assumiu o poder no dia 3 de novembro de 1930, como líder da Revolução que derrubou o presidente Washington Luís e mudou os rumos da história do país. Começou a “Era Vargas”. Levado ao poder por uma junta militar, Getúlio assumiu o governo provisório, que se estendeu até julho de 1934, quando finalmente foi eleito presidente pela Assembléia Constituinte. Getúlio concentrou em seu poder todas as decisões do país. Em novembro de 1937 estava instituída uma ditadura no Brasil, que durou até 29 de outubro de 1945 quando Getúlio foi deposto pelos militares. Em 1951 Getúlio volta à presidência da República, desta vez pelo voto popular. Era a “Nova Era Vargas”. Consolida-se o populismo, volta a amparar os trabalhadores assalariados e defender as riquezas nacionais. Autoriza o aumento de 100% do salário mínimo, provocando revolta entre os patrões. Critica a remessa do lucro das empresas estrangeiras para fora do país. Sua política era questionada pelas empresas instaladas no Brasil. Diante da ameaça que Getúlio representava para o capital internacional, a oposição começou a se articular. O principal partido de oposição a UND (União Democrática Nacional), liderada por Carlos Lacerda e que havia perdido as eleições, tornou-se o principal instrumento de contestação ao Governo. No dia 5 de agosto de 1954 Carlos Lacerda sofreu um atentado e o resultado foia morte do major Rubens Vaz. As investigações provaram que o arquiteto do plano foi Gregório Fortunato, o fiel guarda pessoal de Getúlio. As pressões aumentaram, manifestações militares exigiam a renúncia de Vargas. No dia 24 de agosto, Getúlio recebe um ultimato do ministro da guerra, exigindo seu afastamento. Isolado no Palácio do Catete, Getúlio redige o testamento e suicida-se com um tiro no coração. Getúlio Vargas (1883-1954) nasceu no dia 19 de abril em São Borja, Rio Grande do Sul. Ingressa no 6º Batalhão de Infantaria em São Borja, sendo logo promovido a Sargento. Matricula-se na Escola Preparatória e de Táticas do Rio Pardo, Rio Grande do Sul. Participa da Guerra entre Brasil e Bolívia. Em 1904 ingressa na Faculdade de Direito de Porto Alegre. Depois de formado volta para São Borja, onde exerce a advogacia. Inicia-se na política em 1909 como deputado estadual pelo Partido Republicano do Rio Grande do Sul (PRR). Reelege-se em 1913 e em 1922. Ocupa uma cadeira na Câmara federal. É o Ministro da Fazenda do governo Washington Luís. Em 1928 elege-se para o governo de seu estado. Candidato pela Aliança Liberal à Presidência da República, é derrotado. Comanda a Revolução de 1930, que derruba Washington Luís. Governou o país nos 15 anos seguintes. Na Presidência adota uma política nacionalista, moderniza a economia e cria o Ministério do Trabalho. Em 1937, instala a ditadura do Estado Novo, com forte repressão política. Em 1945, é derrubado pelos militares. Contribui para a formação do Partido Social Democrático (PSD) e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e torna-se senador. Em 1950 elege-se presidente pelo PTB. É combatido pela oposição conservadora de civis e militares. O envolvimento do chefe de sua guarda no atentado contra Carlos Lacerda leva as Forças Armadas a exigir sua renúncia. 

Suicida-se com um tiro no peito na madrugada de 24 de agosto de 1954, dentro do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro.

 

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Era Vargas

Era Vargas é o nome que se dá ao período em que Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 anos, de forma contínua (de 1930 a 1945). Esse período foi um marco na história brasileira, em razão das inúmeras alterações que Getúlio Vargas fez no país, tanto sociais quanto econômicas.

A Era Vargas, teve início com a Revolução de 1930 onde expulsou do poder a oligarquia cafeeira, dividindo-se em três momentos:

  • Governo Provisório -1930-1934
  • Governo Constitucional – 1934-1937
  • Estado Novo – 1937-1945

Revolução de 1930

Até o ano de 1930 vigorava no Brasil a República Velha, conhecida hoje como o primeiro período republicano brasileiro. Como característica principal centralizava o poder entre os partidos políticos e a conhecida aliança política “café-com-leite” (entre São Paulo e Minas Gerais), a República Velha tinha como base a economia cafeeira e, portanto, mantinha fortes vínculos com grandes proprietários de terras.

De acordo com as políticas do “café-com-leite”, existia um revezamento entre os presidentes apoiados pelo Partido Republicano Paulista (PRP), de São Paulo, e o Partido Republicano Mineiro (PRM), de Minas Gerais. Os presidentes de um partido eram influenciados pelo outro partido, assim, dizia-se: nada mais conservador, que um liberal no poder.

O Golpe do Exército

Em março de 1930, foram realizadas as eleições para presidente da República.  Eleição esta que deu a vitória ao candidato governista Júlio Prestes. Entretanto, Prestes não tomou posse. A Aliança Liberal (nome dado aos aliados mineiros, gaúchos, e paraibanos) recusou-se a aceitar a validade das eleições, alegando que a vitória de Júlio Prestes era decorrente de fraude. Além disso, deputados eleitos em estados onde a Aliança Liberal conseguiu a vitória, não tiveram o reconhecimento dos seus mandatos. Os estados aliados, principalmente o Rio Grande do Sul planejam então, uma revolta armada.  A situação acaba agravando-se ainda mais quando o candidato à vice-presidente de Getúlio Vargas, João Pessoa, é assassinado em Recife, capital de Pernambuco. Como os motivos dessa morte foram duvidosos a propaganda getulista aproveitou-se disso para usá-la em seu favor, atribuindo a culpa à oposição, além da crise econômica acentuada pela crise de 1929; a indignação, deste modo, aumentou, e o Exército – que por sua vez era desfavorável ao governo vigente desde o tenentismo – começou a se mobilizar e formou uma junta governamental composta por generais do Exército. No mês seguinte, em três de novembro, Júlio Prestes foi deposto e fugiu junto com Washington Luís e o poder então foi passado para Getúlio Vargas pondo fim à República Velha.

Governo provisório (1930 – 1934)

O Governo Provisório teve como objetivo reorganizar a vida política do país. Neste período, o presidente Getúlio Vargas deu início ao processo de centralização do poder, eliminando os órgãos legislativos (federal, estadual e municipal).

Diante da importância que os militares tiveram na estabilização da Revolução de 30, os primeiros anos da Era Vargas foram marcados pela presença dos “tenentes” nos principais cargos do governo e por esta razão foram designados representantes do governo para assumirem o controle dos estados, tal medida tinha como finalidade anular a ação dos antigos coronéis e sua influência política regional.

Esta medida consolidou-se em clima de tensão entre as velhas oligarquias e os militares interventores. A oposição às ambições centralizadoras de Vargas concentrou-se em São Paulo, onde as oligarquias locais, sob o apelo da autonomia política e um discurso de conteúdo regionalista, convocaram o “povo paulistano” a lutar contra o governo Getúlio Vargas, exigindo a realização de eleições para a elaboração de uma Assembléia Constituinte. A partir desse movimento, teve origem a chamada Revolução Constitucionalista de 1932.

Mesmo derrotando as forças oposicionistas, o presidente convocou eleições para a Constituinte. No processo eleitoral, devido o desgaste gerado pelos conflitos paulistas, as principais figuras militares do governo perderam espaço político e, em 1934 uma nova constituição foi promulgada.

A Carta de 1934 deu maiores poderes ao poder executivo, adotou medidas democráticas e criou as bases da legislação trabalhista. Além disso, sancionou o voto secreto e o voto feminino. Por meio dessa resolução e o apoio da maioria do Congresso, Vargas garantiu mais um mandato.

Governo Constitucional (1934 – 1937)

Nesse segundo mandato, conhecido como Governo Constitucional, a altercação política se deu em volta de dois ideais primordiais: o fascista – conjunto de ideias e preceitos político-sociais totalitário introduzidos na Itália por Mussolini –, defendido pela Ação Integralista Brasileira (AIB), e o democrático, representado pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), era favorável à reforma agrária, a luta contra o imperialismo e a revolução por meio da luta de classes.

A ANL aproveitando-se desse espírito revolucionário e com as orientações dos altos escalões do comunismo soviético, promoveu uma tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas. Em 1935, alguns comunistas brasileiros iniciaram revoltas dentro de instituições militares nas cidades de Natal (RN), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE).    Devido à falha de articulação e adesão de outros estados, a chamada Intentona Comunista, foi facilmente controlada pelo governo.

Getúlio Vargas, no entanto, cultivava uma política de centralização do poder e, após a experiência frustrada de golpe por parte da esquerda utilizou-se do episódio para declarar estado de sítio, com essa medida, Vargas, perseguiu seus oponentes e desarticulou o movimento comunista brasileiro. Mediante a “ameaça comunista”, Getúlio Vargas conseguiu anular a nova eleição presidencial que deveria acontecer em 1937. Anunciando outra calamitosa tentativa de golpe comunista, conhecida como Plano Cohen, Getúlio Vargas anulou a constituição de 1934 e dissolveu o Poder Legislativo. A partir daquele ano, Getúlio passou a governar com amplos poderes, inaugurando o chamado Estado Novo.

Estado Novo (1937 – 1945)

No dia 10 de novembro de 1937, era anunciado em cadeia de rádio pelo  presidente Getúlio Vargas o Estado Novo. Tinha início então, um período de ditadura na História do Brasil.

Sob o pretexto da existência de um plano comunista para a tomada do poder (Plano Cohen) Vargas fechou o Congresso Nacional e impôs ao país uma nova Constituição, que ficaria conhecida depois como “Polaca” por ter sido inspirada na Constituição da Polônia, de tendência fascista.

O Golpe de Getúlio Vargas foi organizado junto aos militares e teve o apoio de grande parcela da sociedade, uma vez que desde o final de 1935 o governo reforçava sua propaganda anti comunista, alarmando a classe média, na verdade preparando-a para apoiar a centralização política que desde então se desencadeava. A partir de novembro de 1937 Vargas impôs a censura aos meios de comunicação, reprimiu a atividade política, perseguiu e prendeu seus inimigos políticos, adotou medidas econômicas nacionalizantes e deu continuidade a sua política trabalhista com a criação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), publicou o Código Penal e o Código de Processo Penal, todos em vigor atualmente. Getúlio Vargas foi responsável também pelas concepções da Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho, do salário mínimo, e pelo descanso semanal remunerado.

O principal acontecimento na política externa foi a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial contra os países do Eixo, fato este, responsável pela grande contradição do governo Vargas, que dependia economicamente dos EUA e possuía uma política semelhante à alemã.  A derrota das nações nazi fascistas foi a brecha que surgiu para o crescimento da oposição ao governo de Vargas. Assim, a batalha pela democratização do país ganhou força. O governo foi obrigado a indultar os presos políticos, além de constituir eleições gerais, que foram vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoiado pelo governo, o general Eurico Gaspar Dutra.

Chegava ao fim a Era Vargas, mas não o fim de Getúlio Vargas, que em 1951 retornaria à presidência pelo voto popular.

 

Mães da Plaza de Mayo

Entre 1976 e 1983,durante o sangrento regime militar que se instalou na Argentina, cerca de nove mil pessoas desapareceram. Segundo organismos de direitos humanos,este número sobe a mais de 30 mil. Ao sequestro dos opositores, seguia-se o assassinato. Aviões partiam lotados de presos , que eram atirados ao Rio da Prata. Sem notícias de seus filhos ,mães desesperadas percorriam delegacias, igrejas e prisões à procura de um simples sinal de vida. A partir de abril de 1977, todas as quintas-feiras às 15:30, as mães de alguns destes desaparecidos, com um lenço na cabeça, começaram a se reunir na Plaza de Mayo em frente ao Palácio Presidencial. A Praça foi escolhida como ponto de encontro porque, segundo a líder Hebe de Bonafini, “ lá todas as mães eram iguais, todas haviam percorrido os mesmos caminhos na mesma busca, não havia nenhuma diferença e nenhum tipo de distanciamento”. Começava ali um movimento de protesto e solidariedade unindo estas mães que perderam seus meninos. A intenção era sensibilizar o então presidente Jorge Videla, para que ele interviesse no processo e lhes fornecesse notícias dos filhos. Exigiam, ao mesmo tempo, punição para os assassinos. No início eram 14 mães ,mas o grupo se expandiu, chegando a contar com milhares de participantes. Seguindo uma tradição, as mães argentinas guardam algumas fraldas de seus filhos como lembrança. As Mães da Plaza de Mayo passaram a usa-las, então, como marca registrada. Cada mãe portava um pano branco na cabeça com o nome de seu filho desaparecido. As mães passaram a ser chamadas “loucas da Plaza de Mayo” Muitas mulheres adoeceram e morreram, foram repudiadas, perseguidas, abandonadas por seus maridos. Em dezembro de 1977, Azucena Villaflor De Vicenti, a primeira líder das mães, foi sequestrada e assassinada pelos organismos repressivos da ditadura militar. Durante a Copa do Mundo de 1978,realizada na Argentina, a imprensa internacional que cobria o evento tomou conhecimento da existência da ação das Mães, que a ditadura tentava abafar por todos os meios. Houve o recrudescimento da repressão e, num gesto de coragem e revide, as mães criaram oficialmente sua Associação em 22/8/1979. (Associacion de las Madres de Mayo). Novamente o futebol foi usado como anestesia geral: A Argentina sediou o Mondialito de 1980, articulação da ditadura para desviar atenção do problema. Incansáveis, as Mães voltaram à Praça e criaram seu primeiro boletim. Nesse momento a opinião pública internacional já estava conscientizada do drama dos desaparecidos. Perante a omissão do governo argentino um grupo de apoio foi criado na Holanda.  Este grupo custeou as despesas de instalação do primeiro escritório da Associação. Em 1981 freiras acompanharam as mães num primeiro jejum coletivo de protesto.  A Guerra das Malvinas ,em 1982, foi outro momento importante de ação. As Mães se declararam solidárias com as mães dos soldados argentinos. Surgiram o primeiro jornal, as equipes de assistência psicológica e jurídica. “Enquanto houver um só assassino pelas ruas, nossos filhos viverão para condená-lo por nossas bocas.” Hebe de Bonafini. 1985 ficou marcado como o ano da “Marcha das Mãos Dadas”. O movimento foi encampado pela opinião pública no exterior. Depois, milhares de mãos argentinas se uniram na Avenida de Mayo e na Praça, pressionando o governo a dar uma solução final ao drama. Uma segunda manifestação comovente, a “Marcha dos Panos Brancos” ajudou a apressar o que foi chamado de “Ponto Final”: nos primeiros meses do Governo Alfonsin começaram a chegar telegramas, dizendo em que cemitérios estavam enterrados os jovens desaparecidos. Algumas receberam restos humanos como se fossem de seus filhos .As mães se recusaram a aceitar tortura moral das exumações sem que os assassinos tivessem sido punidos. O governo ofereceu ressarcimento econômico e homenagens póstumas. As mães recusaram o dinheiro e as honras, mas continuaram a luta. Em 1986, o grupo se dividiu entre as lideradas por Hebe de Bonafini e a Linha Fundadora, liderada por Maria Adela Gard de Antokoletz.O local que deu nome ao movimento nunca foi abandonado. O grupo foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz e recebeu muitos outros prêmios “Pela Luta”, ”Pela Liberdade” “Pela Justiça”. É reconhecido, internacionalmente, como uma das principais instituições civis de luta contra os crimes cometidos pelas ditaduras. As Mães da Plaza de Mayo conseguiram localizar crianças, filhos dos jovens mortos, e muitas obtiveram a custódia de seus netos. Realizam viagens regulares à Europa para reciclagem e encontros com os grupos de apoio, para priorização das metas a serem cumpridas a cada ano . O Jornal da Associação é traduzido em vários idiomas. Existem, em muitos países, escolas, praças, ruas que receberam o nome “Madres de Plaza de Mayo”. Editaram vários livros e 3 Poemários. Mestrandos e doutorandos de todas as partes do mundo continuam agendando visitas à Associação para enriquecer suas teses sobre o tema.

 

 

 

Ditadura no Chile

A Ditadura no Chile teve início com a tomada do poder pelos militares, liderados pelo general Augusto Pinochet. Na segunda metade do século XX o contexto mundial era o da Guerra Fria, na qual se opunham o capitalismo e o comunismo. Muitos países da América Latina, guiados por um ideal de combate aos males do comunismo, resultaram em governos ditatoriais que geralmente foram promovidos por ações militares. Os militares foram responsáveis por golpes de Estado, por exemplo, no Brasil, na Argentina e no Chile. O Chile da segunda metade do  século XX passava por um período diversificado de ascensão dos setores de esquerda me meio a forças democráticas. Gabriel González Videla foi eleito com a união de setores liberais e da esquerda com a promessa de recuperar o setor social e promover o desenvolvimento. Entretanto, no exercício do cargo, o presidente se posicionou dentro do contexto da Guerra Fria contra os comunistas, o que frustrou seus eleitores. A economia chilena crescia por causa das empresas estrangeiras, mas o povo não estava satisfeito. Em 1970 foi eleito Salvador Allende, em função da união da esquerda em uma chapa chamada Unidade Popular. Allende promoveu então uma política nacionalista de esquerda no país, nacionalizando as empresas estrangeiras. Os Estados Unidos ficaram insatisfeitos com o governo de Allende e passaram a apoiar movimentos de oposição ao governo. O presidente sofreu intenso desgaste e surgiu um movimento com o intuito de derrubá-lo. Foi então que em setembro de 1973 militares deram um golpe de Estado que resultou no assassinato de Salvador Allende. A Ditadura no Chile foi implantada sob o comando do general Augusto Pinochet, responsável pelo assassinato de Allende. Começava então um governo autoritário empenhado em caçar os opositores e os esquerdistas nacionalistas. Politicamente foi um governo que procurou satisfazer todos os interesses dos Estados Unidos, é tido, por isso, como a primeira experiência neoliberal no mundo. Tal como no Brasil e na Argentina, a Ditadura no Chile também matou e sequestrou milhares de pessoas. Os militares fizeram uso dos mais rudes métodos de tortura e assassinato contra os opositores do regime. Durante longos 26 anos o Chile viveu sob censura, tortura, sequestros e assassinatos. Em 1980, Augusto Pinochet promulgou uma constituição que legalizava seu governo ditatorial. Mas em consequência disso as pressões feitas por grupos organizados contra o governo aumentaram significativamente. A movimentação popular conquistou a realização de um plebiscito popular em 1987 que resultou na proibição da permanência de Pinochet no governo do país. Dois anos após, Patrício Aylwin foi eleito para o cargo de presidente, acabando com o regime ditatorial de Pinochet e dando início à punição dos militares envolvidos com os crimes da ditadura. Diferentemente de Brasil e Argentina, a Ditadura no Chile foi de um homem só, Augusto Pinochet. O militar sustentou o governo autoritário por muito tempo e impediu que a democracia tivesse seu lugar no Chile. Faleceu em 2006, mas os chilenos ainda padecem do atraso gerado por seu regime ditatorial.

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